terça-feira, 30 de janeiro de 2007

A Génese

Nos tempos "genosíacos" em que, criança e “dono do mundo”, ajudava ainda, o meu mui nobre criador no trabalho duro dos estábulos, a época era de paz!
O território outrora conhecido por Terra Meã de Lisbona, era reinado por sangue aristocrata, que controlava não só a cidade de Lisbona como todos os seus reinos próximos e adjacentes, numa prosperidade económica, militar e de glória para a nossa pátria.
Mas os podres desta Terra pacífica foram crescendo.
Sangue monárquico foi derramado, enquanto o reino se dissociava em inúmeros e pequenos condados liderados por novos fidalgos sedentos de glória e reputação para o seu nome, sedentos de conquistas e riquezas, sedentos de poder e guerra. Esta nova aristocracia cresceu e ganhou força, mas uma força assente na individualidade, uma força com fome de glória pessoal. E assim mergulhou, esta Terra Meã de Lisbona, outrora próspera e ordeira, num sem números de exíguos territórios, cada um sob o domínio de um distinto senhor, mas todos eles análogos no seu desejo demoníaco de mais poder, sem dó nem misericórdia nos métodos para o conquistar.
Os anos foram passando, e esta terra em tempos florescida, afundou-se cada vez mais nas tenebrosas escuridades dos desejos dos mais fortes.


Porém, findos uns sem número de anos que a minha oportuna memória não ousa numerar, uma pequena esperança brota nos corações frios e severos dos habitantes de um destes pequenos reinos desta extensa Terra. Uma crença numa liberdade roubada, uma crença numa fortuna perdida circula por um número cada vez mais respeitável destas ingénuas mentes que povoam o contrafeito Reino Negro da Amadora.


Troveja fortemente sobre esta cidadela.
O Reino Negro respira, sobre uma chuva intensa e interminável, uma ilusória paz da madrugada. As habitações medievais multiformes do reino acolhem gratamente uma chuva furiosa, que limpa lentamente das suas pedras, o sangue há pouco tempo derramado, os rastos das trocas comerciais demoníacas que se estabeleceram nas últimas horas, as conspirações planejadas ultimamente, ou os boatos transitórios que vão e vêm.
Janelas fechadas, portas trancadas, a cidadela primordial do Reino Negro da Amadora, vive uma noite de descanso há muito almejada pelos seus povoadores.
Mas a morte não dorme.
Contudo, os dias de maior negrume parecem já uma miragem: o senhor da guerra deste reino caiu aos pés dos mais pobres, e tudo, devido a um pequeno grupo de cavaleiros negros que estão acima da lei neste pequeno condado. Eles são a lei neste Reino Negro da Amadora!
Este pequeno grupo, todos eles de origem em sangue nobre antepassado, e todos eles unidos por um sentimento de amizade mais forte do que a própria morte, perseguem e almejam cheios de força e alento a glória passada da sua pátria!
O seu destino predilecto dá pelo nome de condado do Bairro Alto. Foi nesta zona que estes cavaleiros já viveram inúmeras aventuras. É nesta zona que este grupo viverá certamente mais epopeias dignas de registo, pois, embora os labirintos e as dificuldades sejam muitas, é nesta terra que se sussurra existirem as chaves e as decifrações para a liberdade de toda a Terra Meã de Lisbona. Mas os cavaleiros negros do Reino da Amadora não se cingem a tal bairro, e cavalgam convictos por toda a pátria, esperançosos num reino melhor e sedentos de uma boa façanha.
Peregrinam, ora tranquilamente ora de espadas empunhadas, os reinos multipartidos desta Terra Meã em tempos afortunada. Conquistam direitos, impõem deveres, estabelecem trocas comerciais, palmilham novos caminhos, o céu é o limite para a coragem destes cavaleiros na sua demanda pela desaparecida glória do seu povo, da sua pátria!


Encontramos hoje este afoito grupo, no seu local predilecto de reunião. Numa estalagem local, à qual, o seu proprietário atribuiu o nome em honra do seu mais novo rebento, a sua mais nova donzela.

Hoje, este destemido grupo descansa e planeia as suas próximas cavalgadas pela liberdade. Hoje, este grupo traça conscientemente os seus próximos movimentos, mas não muito longe se encontram os dias em que novamente cavalgarão pelo seu reino. Pela sua honra! Não muito longe se encontram os dias em que estes cavaleiros farão com os seus próprios punhos, a história desta Terra Meã que em tempos foi minha.
Esses dias chegarão em breve como chega o cantar do galo pela alvorada, e eu viverei para vos contar essas grandiosas aventuras!


Dërdeon, o Escriba

1 comentário:

Anónimo disse...

Aventuras intemporais protagonizadas pelos cavaleiros negros que querem trazer cor ao seu reino e às suas gentes, vivendo noites de trevas que de certeza transformarão num cernário de arco-íris. Esta é a proposta espaço de narração de grandes histórias vividas que aqui possam ser contadas. Vão ficar registados nestes pergaminhos as Aventuras dos Cavaleiros Negros da Amadora!

Escrivão da Pena Leve