terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Há lodo no cais

O dia tinha corrido calmo, a deixar antever uma noite longa e complicada, e os Cavaleiros sabiam disso. Era certo e sabido que a noite anterior tinha sido apenas um aquecimento e que hoje seria bem mais complicado, todas as circunstâncias assim o diziam.A ida para o Reino Encantado de Lisboa não seria apenas dos Cavaleiros, mas sim de grande parte do Reino Encantado, para algo descrito como aniversário, mas isto não seria problema para os Cavaleiros, não fora o facto de ser o aniversário de um deles, algo que poderia ser perturbador e causador de distracção.

Juntando a este facto, que desta vez seria para um terreno totalmente desconhecido para qualquer Cavaleiro, mas confiámos nas indicações que diziam que seriam em terrenos protegidos por Jah, uma garantia suficiente para qualquer Cavaleiro. Chegámos ao Cais e deixamos os cavalos, os Cavaleiros estavam divididos e fizeram rotas diferentes de forma a garantir uma melhor segurança de todo o grupo.
O ponto de encontro era na paragem das carruagens Carrilius, local exposto mas mais facilmente identificado.
Com o grupo reunido, aí se iniciou o ritual ancestral de celebração da vida. Contámos com a ajuda de um malte 12 anos e do estilista do Pai Natal para poder aquecer e aguentar tudo que aí viria. Depois de abastecidos e de ultimados os pormenores fomos a caminho do local, supostamente, tropical. Caminhos estreitos e perigosos nos dirigiram para uma arcada sombria onde o cheiro nauseabundo deixava antever o inferno onde iríamos ser colocados à prova.

Nada que nos pudesse ser dito nos iria preparar para aquele cenário, as ruas coloridas e brilhantes escondiam a verdadeira podridão e decadência em que aquele local se encontra. Rapidamente assumimos uma posição defensiva para antever o pior, e desejamos que não tivéssemos de derramar sangue nesta noite, seria mau presságio para o Cavaleiro aniversariante.
Chegámos à porta do paraíso prometido, e como fiéis ovelhas que seguem o pastor, obedecemos a todas as regras para poder permanecer em tal local. Espantados ficamos, ao perceber que estava deserto e à mercê de qualquer salteador que por ali se aventurasse, mas as aparências enganam e rapidamente Cavaleiros do Reino Da Esquerda Bloquista tomaram conta do local, deixando bem claro que aquele era terreno sob sua jurisdição.

Iniciaram os seus rituais de dança macabra e de inalação de cachimbos exóticos, enquanto nós ingeríamos bebida à base de cevada pra lhes mostram quem éramos. Pouco tempo depois, tínhamos conquistado o seu respeito e sentimo-nos à vontade para relaxar um pouco e fumar o belo aroma do Caribe.

O local era realmente propício ao relaxamento, e foi essa a falha de todos os Cavaleiros. Ao relaxarmos, baixamos as guardas e defesas e permitimos que estranhos se apoderassem do território sem nosso conhecimento, o único Cavaleiro lúcido era o Cavaleiro Secura, que a seu tempo resgatou todos daquele local para uma zona de maior segurança.

Tínhamos de fazer algo rapidamente, ou seriamos absorvidos no meio daquele cenário, sem sequer perceber o que tinha acontecido. Mas a magia imputada a alguns era forte, e o desejo de permanecer em festa e convívio estava a consumi-los. Mas outros desejavam partir, assustados e rendidos a tal visão macabra, não podiam mais permanecer naquele local.

Foi nesta altura que tivemos de fazer nova escolha, já um Cavaleiro tinha partido, agora partiria outro deixando dois Cavaleiros para tomar conta do resto do grupo, assim como do Cavaleiro aniversariante, que insuspeito dos que se passava ao ser redor, se expunha a todo tipo de perigos.
Procurámos então uma saída rápida e eficaz para a situação, encontrando refúgio, novamente, no estábulo dos Mimosa. Foi um alívio perceber que aquele ambiente não apresentava perigo e que era facilmente dominável pelos Cavaleiros. A festa prosseguiu então, mas sempre sobre o olhar atento e defensor dos Cavaleiros.

A noite aproximava-se, aparentemente, do fim e no caminho de regresso uma paragem para matar a fome. Um regalo que calha sempre bem, mas que impressionou os Cavaleiros pelo preço absurdo a que se encontra, para a próxima será um local a ponderar.

Nova divisão teve de ser feita, voltando os Cavaleiros a ser divididos para garantir a segurança do grupo, essa divisão implicava que um dos Cavaleiros teria de percorrer as Terras de Monsanto, enquanto o outro ainda teria uma paragem no centro nevrálgico da Cristandade, a Sé. Essa paragem seria para deixar a bela donzela Stefania, vinda do longínquo Reino Transalpino, sã e salva. Após esta paragem iniciou-se o caminho para casa, caminho que se relevou longo, uma vez que algumas trajectórias se encontravam intransitáveis. As alternativas implicaram maior deslocação, mas não foi por isso que a missão não foi cumprida, conseguindo chegar com sucesso antes do sol raiar.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Aventuras em tempo de grande trabalho...

Nesta altura do ano em que alguns dos cavaleiros andam de férias, outros há que continuam no seu trabalho esforçado para conseguirem acabar o semestre com boas notas nesse tão conhecido reino de Lisboa que dá pelo nome de Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Óbvio que nesta altura em que os trabalhos apertam, tendo de me desdobrar por vários condados Lisboetas onde se possa efectuar alguma investigação da minha História por fazer, vulgos Biblioteca Nacional onde ver jornais antigos da década de quarenta e setenta é tarefa normal, onde o complicado destas tarefas é tirar cópias que são caríssimas, ou ainda outra instituição de seu nome Torre do Tombo onde ver documentação de presos políticos nos arquivos da mal afamada PIDE-DGS ou corresppondência daquele que para muitos é um "Grande Português", tendo o nome de Oliveira Salazar são tarefas rotineiras. Por incrível que possa parecer, aqui o complicado é também tirar fotocópias, pois podem demorar cerca de três semanas até me virem parar à mão, depois de eu passar por uma longa liturgia burocrática. Sendo que estas instituições consomem o meu tempo e a minha energia (sem falar no dinheiro) nesta altura do ano, tendo até de me lá deslocar aos Sábados, a vontade ou motivação para saídas não é a melhor.
Excepção ao meu colega Cavaleiro ainda sem nome, que completa hoje duas décadas de existência, ao qual lhe fiz o favor de sair um pouco na sua comemoração de aniversário, depois de ter jantado uma grande referição na companhia da família que me fez sonhar e planear grandes aventuras por impérios estrangeiros. Depois da vitória Varzinista que colocou a equipa da Luz fora da conquista da Taça do nosso reino português, do padrinho ter ido colocar o afilhado Rodrigo que fez as delícias das donzelas em casa, situação para a qual aproveitou para trocar de vestimenta, deslocámo-nos nós Cavaleiros e muitos dos seus amigos e donzelas por terras desse reino que passa muito por nossas bocas, aquando da sua referência a cantar o fado: "Ai Cais do Sodré..."!
Depois de memoráveis aventuras para ir embora e depois da discussão das políticas de veículos a adoptar, tendo até trocas de viaturas sido efectuadas durante o percurso entre os dois reinos, lá chegámos, mesmo a bater a meia noite, não descurando como é óbvio o habitual cântico que já é ritual ao aniversariante que estava ávido que lhe cumprimentassem e parabenizassem pelas suas duas décadas cumpridas. Assim foi. Já em terras sodrenianas lá lhe fizemos esse favor e assim foi distribuido um rico néctar de mistura, dado pelo nome de Whisky-Cola, estando muitas outras experiências de certeza à espera de serem vividas. Muitas tribulações os cavaleiros e companhia viveram para chegar ao local onde se viveriam mais aventuras, passando a peregrinação por zonas de muito mau cheiro e por sinais de trânsito em que havia confusão se se poderia passar ou não, além de alguma indefinição no rumo concreto a seguir em relação ao objectivo a chegar. Depois da chegada ao condado de seu nome "Jamaica", lembrando de certeza algumas situações em que se poderá vir a alucinar, eu, Cavaleiro da História por Fazer, atacado por algum sono e sem condições para poder investir em questões que não são as mais adequadas à minha situação académica, decidi inverter o trânsito e na companhia da donzela do meu colega Cavaleiro de Greenwitch voltámos ao reino negro da Amadora. A confiança de Cavaleiro para Cavaleiro verifica-se nesta altura apenas com um assobio, um olhar confiante e um esticar de dedo de "está descansado". Uma viagem que depois de alguma indefinição no percurso a fazer, lá conseguimos acertar com ele e de caminho desenvolveu-se uma conversa muito interessante sobre os diferentes rumos profissionais que desenvolvemos, hobbies que temos e que poderíamos assim ganhar mais alguns cobres além de pancas que a donzela não tem. Conversa ainda que se debruçou sobre o passatempo recentemente ganho aqui pelo Cavaleiro da História por Fazer na qual partilhei medos, angústias e emoções que quero viver e que certeza vão ser inesquecíveis.
O regresso ao Condado Castelo fez com que ceasse um belo manjar de uma das minhas comidas preferidas, ao som também de música recentemente adquirida e que já perto das primeiras quatro horas do dia me fizeram entrar no reino do Vale dos Lençóis, bem refastelado com estes dois ingredientes indispensáveis e de umas notícias ouvidas na TSF no noticiário das quatro.
Ao acordar, o dever/direito de votar torna-se imperioso, no qual encontrei personagens que já não via à alguns tempos e um outro que não o via desde finais do ano da graça de 2006.O regresso a uma instutuição onde se cumpriu a instrução primária de cavaleiro é sempre bom e ter amizades que depois de tantos anos ainda duram e que continuam sólidas tendo no entanto tomado caminhos diferentes, é também de salutar. O dia ainda não acabou e espera-se que ainda mais contactos sejam tomados na Santa Instituição. Além disso espera-se que esta lenda se encha de aventuras vividas da noite que me venceu narradas pelos meus colegas Cavaleiros.

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Terreno Santo

Se há local do qual os cavaleiros têm absoluto respeito, mas ao mesmo tempo um temor assombrante, é do Terreno Santo. Neste local sagrado, zona neutra e de guarida garantida, somos sempre bem acolhidos e recebidos durante o dia, agora de noite o caso muda de figura. Por uma maldição mais antiga do que a história pode recordar, à noite o Terreno Santo vira local de peregrinação de todos os demónios e criaturas da noite, fervorosos de saciar todos os seus desejos.
Infelizmente nem todos sabem desta lenda e aventuram-se em Terreno Santo julgando estarem seguros.
Foi o que aconteceu a 6 doces e tenras donzelas, que embebidas pelo espírito sangrio decidiram rumar a esse local. Mal a notícia chegou às muralhas do Reino Negro, os valorosos Cavaleiros apressaram-se em seu auxílio e socorro. Vários Cavaleiros quiseram tomar para si esta arriscada missão, mas, infelizmente para eles, só dois Cavaleiros estavam preparados para o este difícil desafio, os outros fizeram questão de acompanhar em espírito, alguns até numa presença espiritual quase carnal, graças às magicas impressionantes de Luís de Matos, Gandalf para os amigos.

Os cavaleiros apressaram-se, mas tiveram de fazer uma paragem forçada, a falta de provisões teve de ser colmatada com visita ao Condado Sonae, pertença de Don Belmiro, que gentilmente nos cedeu provisões para o caminho. Mais animados de espírito, partimos para chegar exactamente ao mesmo tempo em que as pobres donzelas se iam atirar para o meio das feras. Tiramos as nossas espadas e enfrentamos a multidão, mostrando a força que nos é característica. Felizmente estes terrenos são conhecidos da nossa grande ordem e conseguimos guarida num pequeno estábulo, estábulo esse pertença dos Mimosa, já velhos amigos e conhecidos. Ali permanecemos animados para dar a sensação de segurança às donzelas, mas sempre atentos às possíveis investidas de seres demoníacos.

A hospitalidade dos Mimosa é sobejamente conhecida e por isso a estadia ainda foi longa, garantida por alguns produtos de aquecimento rápido e importações vindas das terras quentes de Cuba.
Mas a nossa hora tinha chegado, mais tempo ali e podia ser realmente perigoso, por isso os fervorosos cavaleiros fizeram-se à estrada e chegaram com as donzelas são e salvos a casa.

Muitos perigos enfrentamos, mas é este o nosso ofício e nem se pode dizer que foi das mais difíceis deslocações ao Reino Encantado de Lisboa, mas o Terreno Santo não é para todos, é apenas para aqueles bravos que partem à conquista de novos mundos e desbravam os infiéis sob a Cruz de Cristo.

Os Cavaleiros agora descansam pois hoje as estrelas dizem que nova incursão acontecerá, e nunca se sabe que perigos espreitam para estes bravos membros da Ordem de Brás do Reino Negro da Amadora.

Dërdeon, o Escriba